A própria ciência tem necessidade da noite para observar a multidão dos astros.
O sol nos esconde os sóis, a noite os mostra e parecem florescer no céu obscuro como as inspirações
sobre-humanas aparecem nas trevas da fé.
As asas dos anjos se mostram brancas durante
a noite ; durante o dia elas são negras”. (Eliphas LeVI)
A palavra alquimia, AL-Khemy, vem do árabe
e quer dizer "a química". Esta ciência começou a se desenvolver por
volta do século III a. C. em Alexandria, o centro de convergência da
época e de recriação das tradições gregas, pitagóricas, platônicas,
estóica, egípcias e orientais. A alquimia deve sua existência à mistura
de três correntes: a filosofia grega, o misticismo oriental e a
tecnologia egípcia. Obteve grande êxito na metalurgia, na produção de
papiros e na aparelhagem de laboratório, mas não conseguiu seu principal
objetivo: a Pedra Filosofal.
A alquimia sempre se associou aos elementos da natureza.
Os
preceitos e axiomas alquímicos encontram-se condenados na misteriosa “
Tábua Esmeraldina”(a esmeralda era considerada como a pedra preciosa
mais formosa e mais cheia de simbolismo: a flor do céu), um dos quarenta
e dois livros da doutrina hermética atribuídos a Hermes Trimegisto.
Hermes
"Trismegisto" (isto é, três vezes grande) é identificado como sendo o
deus egípcio Toth, que é uma representação do poder intelectual.
Referências a ele já existiam nos tempos do filósofo Platão, por volta
do ano 400 a. C.. Diz a lenda que os preceitos de Hermes foram gravados
em uma esmeralda, o que deu origem ao nome "Tábua de Esmeralda". Os
preceitos e ensinamentos de Hermes pautaram o trabalho dos alquimistas,
que em suas obras faziam referências à Tábua de Esmeralda pelo seu nome
latinizado, Tábula Smaragdia. São preceitos metafísicos bastante
avançados e complexos, de forma que só eram compreendidos pelos
iniciados. Do nome de Hermes derivou o termo "hermético" e o
"hermetismo", que significam "aquilo que é fechado, restrito". Algo que é
hermeticamente fechado significa inacessível. Ensinamentos herméticos
são restritos aos iniciados e pessoas comprometidas com determinada área
do ocultismo.
Figura de Hermes Trimegisto
Os
sábios que dedicaram sua vida inteira à pesquisa alquímica pretendiam
transformar os materiais opacos em metais brilhantes e nobres. Em suas
recolhas de laboratórios realizavam valiosas pesquisas e idealizaram uma
linguagem cheia de símbolos indecifráveis para, deste modo, burlar a
vigilância a que estavam submetidos por parte daqueles regulamentos
sociais, que em todos os tempos tem considerado como tarefa prioritária a
perseguição, ou desqualificação daqueles que se atrevem a discordar e
não compartilhar dos convencionalismos. Os grandes personagens do
pensamento hermético e esotérico anotavam sua investigações em códigos e
as chaves decifradoras só eram conhecidas pelos iniciados. Com isso
muitos alquimistas se separavam da sociedade, formando seitas secretas e
seu engajamento era feito através de juramentos:
“Eu te faço
jurar pelos céus, pela terra, pela luz e pela trevas; Eu te faço jurar
pelo fogo, pelo ar, pela terra e pela água; Eu te faço jurar pelo mais
alto dos céus, pelas profundezas da terra e pelo abismo do tártaro; Eu
te faço jurar por Mercúrio e por Anubis, pelo rugido do dragão
Kerkorubos e pelo latido do cão de três tetas, Cérbero, guardião do
inferno; Eu te conjuro pelas três Parcas, pelas três fúrias e pela
espada a não revelar a pessoa alguma nossas teorias e técnicas”.